segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Vida Literária I

Já lhe contei sobre minhas experiências no teatro, falemos então sobre minha lida na vida literária. Escrevi meu primeiro livro, de poesia, impulsionado por meus alunos, principalmente uma classe enorme (Anglo Consolação, SP) de alunos vibrantes e rebeldes, mas com os quais me dei muito bem. Eles fizeram uma lista com nomes e endereços no final do ano, 1986, pedindo para publicar meus poemas e avisá-los para irem ao lançamento.
O Improviso do PalhaçoEsta é a capa do livro, que contava com ilustrações de um aluno meu de outro cursinho (Intergraus); Carlos Naef. Carlos tinha na época 19 anos e cursava artes plástica na ECAP-USP. O prefácio foi escrito por um ex-professor de 1970 (na época da publicação era meu colega de trabalho no Colégio Bandeirantes) Ubaldo Luiz de Oliveira, que por amizade exagerou nos elogios. A edição de mil exemplares esgotou-se em um ano, o que para um iniciante considero uma boa aceitação. Em função disso, vi-me convidado muitas vezes para apresentar-me com o poema do palhaço em reuniões e eventos, e o mais surpreendente deles foi um em Campinas, no dia da criança. Apesar de eu ter avisado que o poema era para adultos, insistiram tanto que fui e quase morri de susto ao ver aquela grande quantidade de crianças à minha volta, agitadas, inquietas. Quando eu lhes pedi que se imaginassem em um circo, o ambiente pegou fogo. Uns viravam cambalhotas, outros pulavam como cabritos, enquanto os menos criativos rolavam pelo chão. Custei para fazê-los sentar-se em círculo e improvisei o quanto pude e, jamais conseguiria lembrar tudo o que fiz na ocasião, mas deu certo e eu consegui me fazer compreender. Chacon Palhaço
Depois disso, apresentei várias vezes em sala de aula, para introduzir a questão dos heterônimos de Fernando Pessoa, revelando que criei o palhaço e que ele mesmo usou-me para escrever sua história, seu poema, assim como Fernando Pessoa idealizou Alberto Caeiro, que depois produziu de uma só vez dezenas de poemas em um só dia. Claro, que euzinho, muito mais humilde e menos criativo não tive tanta sorte, foi só o poema Improviso do Palhaço e mais tarde Enfim, Mulher.

O vídeo abaixo exibe parte de uma apresentação minha em Mogi das Cruzes, numa sala de aula do Anglo, feito por alunos.


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